quinta-feira, 13 de março de 2008

COMO VOY A DORMIIIIIIR!

Cada diretor de redação tem o seu critério ao escalar o jornalista para participar de uma viagem a convite, aquela em que o convidado tem todas as despesas pagas, e, em geral, produz uma reportagem sobre o assunto que a motivou. Mas todas elas tem uma coisa em comum: sobra pouco ou nenhum tempo para conhecer os lugares por onde se passa.
É preciso seguir o roteiro montado pelas empresas, sempre interessadas em tirar o máximo proveito do investimento. São fusos horários adversos, poucas horas de sono/ muitas de vôo, cidades vistas das janelas dos ônibus durante os transbordos dos hotéis até os aeroportos. Na volta, editores ansiosos pelas reportagens, trabalho atrasado e a inveja maldisfarçada dos colegas: “aí, hein, a gente aqui dando duro e você fazendo turismo..”.
Minha viagem aos Emirados Árabes durou sete dias. Três deles foram passados a bordo de aviões – menos mal que em classe executiva. Por causa da diferença de sete horas no fuso horário entre os Emirados e o Brasil, o sono só vinha lá pelas seis horas, quando para o meu corpo o relógio marcava onze. Duas horinhas de sono e o despertador tocava para mais um dia de atividade intensa. Na volta desembarcamos às 6 horas para uma escala em Frankfurt, e o vôo de volta para o Brasil estava marcado para as 19h. Em vez ficar dormindo no hotel, fiquei com a maioria que preferiu andar pela cidade até a hora do embarque.
Em Barcelona, boa parte das fotos foram batidas da janela do ônibus que nos levava para os compromissos da programação. Alguns colegas simplesmente sumiam para poderem passear. Eu preferia levantar duas horas antes dos outros e ir dormir de madrugada, depois que os bares fechavam.
Na ida à Suécia, uma exceção: preparado por assessores de imprensa, o roteiro deixou um dia inteiro livre, em Copenhagen. Em compensação, na volta, em vez de um dia de descanso na escala de Madri, viajamos quatro horas de ônibus até uma pequena cidade do interior para visitar uma fábrica de leite que usa as embalagens produzidas pelos nossos anfitriões.
Nenhuma dessas maratonas, no entanto, foi mais estafante que a da visita ao Canadá. Cruzamos o país de ponta a ponta, com quatro horas de diferença entre o leste e o oeste, ficando um dia em cada cidade (Montreal-Calgary-Vancouver-Toronto). As viagens de ônibus até estações de esqui, objetivo da viagem, consumiam de duas a três horas. Um exemplo: acordamos às quatro horas em Mont Tremblant e engolimos o café da manhã às pressas para chegar a tempo do embarque, em Montreal. Depois de três horas de vôo, chegamos a Calgary, do outro lado do país... na hora do café. Em compensação, na volta de Vancouver para Toronto perdemos o almoço e o jantar. Ruben, um jornalista uruguaio, deu o tom da viagem. A cada desembarque, exclamava: “como voy a dormir! Como voy a dormiiiiiir!”


Ruben, à esquerda, exausto, dormindo apesar do sol no rosto durante a viagem de ônibus entre Toronto e Niágara, no Canadá.


5 comentários:

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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Clovis Heberle disse...

Amigos, estou excluindo alguns comentários por serem vírus. Em vez do texto, aparece uma opção CLICK HERE. Você clica e aparece o vírus no disco do pc.

Anônimo disse...
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