segunda-feira, 19 de abril de 2010

ACREDITO NO AMOR




Não creio em duendes, em políticos, em pregadores que oferecem o paraíso em troca de dízimos. Sou incrédulo desde criança. Achava maçantes os rituais da igreja católica, especialmente as confissões. Estudioso e obediente, nunca brigava, não matava passarinhos, não dizia palavrões, e acabava tendo que inventar pecados para confessar e pedir perdão aos padres.
Logo que pude, abandonei a rotina religiosa.
Com o passar dos anos, perdi o temor daquele Deus severo, de barbas brancas, que me condenaria ao inferno caso, depois da minha morte, o balanço entre boas e más ações fosse desfavorável.
Restou, cada vez mais sólida, a crença no amor, na caridade, na compaixão. Me comovem os exemplos das pessoas, seja qual for a religião delas: aquelas que, anonimamente, cortam as unhas dos velhos nos asilos, assistem os doentes, as crianças abandonadas. Admiro os espíritas, que sem nada perguntar nem cobrar, dão abrigo, apoio espiritual e cura a qualquer irmão necessitado, e os padres, freiras e outros religiosos ou leigos dedicados a obras sociais.
Acredito que temos a obrigação de, a cada dia, nos tornarmos espiritualmente mais elevados, deixando para trás a mágoa, o ressentimento, o ódio, a vaidade. Para mim, é a única maneira de enfrentar com serenidade a partida definitiva desta vida, seja lá para onde for.

"Mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e a dos anjos,
se me falta o amor, sou um metal que ressoa, um címbalo retumbante.

Mesmo que tenha o dom da profecia,
o saber de todos os mistérios e de todo o conhecimento,
mesmo que tenha a fé mais total,
a que transporta montanhas,
se me falta o amor, nada sou.

Mesmo que distribua todos os meus bens aos famintos,
mesmo que entregue o meu corpo às chamas,
se me falta o amor,
nada lucro com isso."

Primeira carta do apóstolo Paulo aos Coríntios, versículo 13.




Um comentário:

Anônimo disse...

Sincera, sensível e magnânima expressão de tua verdade. Desde pequenos somos acostumados a procurar um Deus velhinho, de cabeça e barba longa brancos, que pune ou laureia com a mesma disposição. Talvez seja a hora de sermos mais humildes de não concebermos Deus à nossa imagem e semelhança, mas usarmos do verbo para fazermos parte de sua essência. Um abraço, Fernando