domingo, 18 de setembro de 2011

UM GAÚCHO NO DIVÃ

“Doutor, tenho um problema. E ele se agrava a cada Semana Farroupilha. Acontece que eu queria ser gaudério, daqueles para quem o nirvana é andar pilchado, comer churrasco e tomar chimarrão ao som da música nativista, andar a cavalo pelos campos verdejantes.

 Chego a ficar com inveja da felicidade dos peões laçando potros, assando carne em fogo de chão, desfilando no dia 20 de Setembro com suas botas enceradas, as bombachas bem cortadas, os chapéus de aba larga.  Bem que eu tentei, doutor. Um dia desses fui a uma loja de moda campeira e pedi uma bombacha, um chapéu de barbicacho, um lenço colorado e um par de botas de cano alto. Vesti, me olhei no espelho, e me senti tão ridículo como se estivesse com aquelas roupas de caubói das duplas sertanejas.

É claro que gosto de um churrasco bem assado, de preferência saboreado com parentes e amigos. Mas um bife de chorizo à argentina/uruguaia igualmente me satisfaz. Ou um filé de peixe com molho de camarão.
De vez em quando compro erva e tomo mate. Mas acho exagerado este pessoal que não desgruda da cuia e da térmica, mesmo no calor de 40 graus do verão. E a bomba passar de mão em mão, de boca em boca, me parece anti-higiênico. Prefiro passar.
Curto as músicas folclóricas de Barbosa Lessa e Paixão Cortes, a gaita do Borghetinho e do Luís Carlos Borges, mas quando aqueles grupos nativistas começam a maltratar os violões e manifestar aos berros o seu amor pelo Rio Grande, me dá vontade de ouvir uma zamba, uma chacarera,  Atahualpa Yupanki.  Prefiro menos decibéis e mais sonoridade.Também me incomoda esta divisão entre patrões e peões, gremistas e colorados, maragatos e chimangos. 

Nasci em Três Passos, lá no noroeste, e meus antepassados alemães  chegaram ao sul do Brasil nas primeiras levas de imigrantes. Sou gaúcho, vivi toda a minha vida por aqui, mas não sinto nenhum orgulho além do que os acrianos, os mineiros e os capixabas sentem pela sua terra natal.
Sabe, doutor, chego a me envergonhar das  bravatas deste pessoal que se acha melhor que os outros brasileiros. Não somos mais machos, nem mais valentes. Somos, sim, diferentes.  E, em muitos aspectos, mais atrasados. " 

Elton Souza Rosa é um gaúcho de verdade: fazendeiro em Capivari do Sul e dono de uma Agropecuária em Tramandaí,  está acostumado às lidas do campo. Na Semana Farroupilha sempre se veste a rigor, de bota, bombacha, chapéu e lenço vermelho no pescoço. Ah, e não se separa do chimarrão.  

4 comentários:

JORGE LOEFFLER .'. disse...

Belíssima manifestação do jornalista Clóvis Heberle. Me permito complementar o que ele disse, pois ele certamente esqueceu, ou seja, somos divididos faz muito tempo pelos fatores que ele elencou, mas esqueceu o mais recente deles que ocorre no campo político partidário. Bastou o Partido dos Trabalhadores haver vencido quatro eleições conseceutivas à Prefeitura de nossa Capital para que tivessemos uma clara divisão entre o PT e o resto, sem aqui pretender desmerecer a nenhum dos outros partidos. Hoje temos de um lado o PT e
quase sempre os demais contra o PT. Isto vem desde os primórdios da ocupação por europeus. Faz tão somente 76 anos que um grupo de moleques, em nossa Capital, “inventou” essa cultura URBANA e logo depois surgiu algo conhecido como MTG, hoje uma verdadeira SEITA, pois segundo essa instituição as mulher para ingressar em seus TEMPLOS é obrigada a estar coberta do pescoço aos tornozelos. Até as múscias que podem ou não ser executadas igualmente são controladas. Se algum dos PASTORES que eles chamam de patrões ousar permitir músicas vetadas pela SEITA sofrerá obviamente punições. Em Porto Alegre todos os anos é montada uma favela farroupilha. Aqui no litoral em 2000 foram mortos quatro frequentadors desses eventos, mortos com facas. Por falar em facas, esse fazendeiros de mentira tão logo envergam suas fantasias que eles denominam PILCHAS, colocam uma faca às costas, sobre a bunda, sorvem um copo de cachaça e à partir dali falam mais grosso e mudam literalmente com se possuídos por algum espírito desgarrado. Já na segunda feira, despida a fantasia voltam a ser pessoas normais e até afáveis. Se isto não for uma seita, confesso que pouco sei de nossa espécie.Encerro dizendo que quando a merda da rede Globo em um de seus programas de humor de pior qualidade no país os ridiculariza se mostram muito indignados. Querem o quê? Gostaria que esses fazendeiros de mentira me dissesem por que dizemos que os (bos, bovis) são ruminantes. Se souberem por certo saberão que o estômago de tais animais é divido em compartimentos. Eu felizmente sou BRASLEIRO e me sinto muito feliz.

Clovis Heberle disse...

Bem lembrado, Jorge. Acrescento que até 1923 maragatos e chimangos manchavam os nossos campos com o sangue das degolas.

xxx disse...

kkkkk o seu JORGE LOEFFLER resumiu tudo kkkk

sodre goncalves de brito neto disse...

kkkkk o seu JORGE LOEFFLER resumiu tudo kkkk