quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

AS CASAS DE VERANEIO VIRARAM FORNOS



"Só vendo que beleza" (Henricão e Rubens Campos)

Eu tenho uma casinha lá na Marambaia
fica na beira da praia só vendo que beleza
tem uma trepadeira que na primavera
fica toda florescida de brincos de princesa
quando chega o verão eu sento na varanda
pego o meu violão e começo a cantar
e minha morena fica sempre bem disposta
senta ao meu lado e começa a cantar
Quando chega a tarde um bando de andorinhas
voa em revoada fazendo verão
e lá na mata o sabiá gorjeia
linda melodia pra alegrar meu coração
às seis horas o sino da capela
toca as badaladas da Ave-Maria
a lua nasce por detrás da serra
anunciando que acabou o dia.




Ter uma "casinha lá na Marambaia" já foi o sonho de consumo da classe média, que nos meses de verão encarava horas de viagem, muitas vezes em estradas de chão, para usufruir do privilégio de passar as férias à beira-mar. Geralmente de madeira, grandes o suficiente para acomodar as famílias, os parentes e amigos, todas tinham grandes varandas e redes para embalar os fins de tarde.






A partir da década de 1980, as casas de veraneio se tornaram mais sofisticadas, mas não perderam o encanto dos antigos chalés, com suas varandas e gramados.






E, nestes tempos de aquecimento global, em que cada verão se torna mais quente, as casas viraram caixotes de cimento e vidro.  Verdadeiros fornos. 


A tendência arquitetônica atual, com casas de linhas limpas,  já não dá prioridade para a iluminação, a aeração e a circulação interna.  Quadradas,  têm aberturas pequenas e pouco espaço externo. 
"A deficiência de ventilação e a excessiva insolação das fachadas têm que ser compensadas com o uso de aparelhos de refrigeração", define a arquiteta Diomery Bobsin, 
E, por mais absurdo que pareça, muros de vidro temperado agora estão substituindo as cercas de tela. São barreiras à passagem da brisa marinha - um contrassenso para quem vai ao litoral fugindo do calorão das cidades. 
Nada a ver com o espírito lúdico e o conforto ambiental das antigas casas de praia.






Na busca de segurança e de demonstrar ascensão social, as novas casas de praia ficaram isoladas por altos muros, grudadas umas às outras, dentro de condomínios - alguns de luxo, outros nem tanto. 
Acabaram a privacidade, a liberdade, o charme e a tranquilidade.
Como nas grandes cidades...


*** Se quiser ampliar as fotos, clique duas vezes sobre elas



Nenhum comentário: