quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O CARRO DO GANDOLFO


O sonho de consumo do Gandolfo não era uma Ferrari, uma BMW, nem mesmo um carrão antigo de colecionador. Ele queria mesmo era ter um carro fúnebre como o da foto: preto, com colunatas douradas, para passear pelas ruas de Porto Alegre e abanar alegremente para os passantes atônitos.
O jornalista Francisco Gandolfo era o setorista do obituário do Correio do Povo dos anos 70. De temperamento alegre e extrovertido, adorava a sua área de atividade. Chegava à redação cedo, por volta das sete horas da manhã, e sempre arrancava gargalhadas dos poucos colegas madrugadores com  seus comentários.
Metódico, telefonava para os cemitérios para saber se algum personagem conhecido estava sendo velado ou seria enterrado naquele dia. Mas mesmo se não tivesse, ele ia até as capelas mortuárias, se apresentava para os familiares e anotava os dados do morto para publicar as notas - todo jornal que se preze, no mundo inteiro, tem um bom obituário, invariavelmente uma das suas páginas mais lidas.
O repórter tinha um lema que sintetizava o seu espírito galhofeiro e o rigor profissional:
- Faleceu? Gandolfo deu!



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