sexta-feira, 6 de outubro de 2017

ABREU E LIMA


ESTA VIDA DARIA UM ROMANCE, UM FILME...






Primeira cena, ou capítulo
Salvador, Bahia, 1817: o jovem capitão de artilharia José Inácio de Abreu e Lima e seu irmão Luís são obrigados a assistir ao fuzilamento do pai, o advogado e ex-sacerdote pernambucano conhecido como "Padre Roma", um dos líderes da revolução que tentara, sem sucesso, libertar o Brasil do domínio português, com a transformação do novo país numa República. A rebelião foi sufocada a um custo de 1.500 mortos e ceca de 800 degredados, em Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.

- Outubro de 1817: José Inácio e Luís escapam da prisão e embarcaram clandestinamente para Filadélfia, nos Estados Unidos, cidade onde se abrigavam muitos combatentes latinoamericanos pela libertação dos colônias

- 1818: aos 23 anos, Abreu e Lima volta para a América do Sul em busca da realização de seus ideais republicanos. Desembarca em Angustura, cidade da selva venezuelana às margens do rio Orinoco onde Simon Bolívar tinha o seu quartel-general. Tornou-se colaborador do jornal Correo del Orinoco, dos rebeldes bolivarianos. Polemizava com Hipólito José da Costa, que em Londres editava o Correio Braziliense e defendia uma monarquia constitucional para o Brasil e atacava a rebelião nordestina

- Engajado no Estado-Maior do exército de 2 mil homens formado por Bolívar, atravessou a América do Sul, em marchas duríssimas por selvas e montanhas. Lutou na libertação de Nova Granada (Panamá e Colômbia ), do Equador, da Venezuela e do antigo Peru, atuais Peru e Bolívia,  dos espanhóis

- Fez fama de valente, ganhou várias condecorações, foi promovido a general. De temperamento exaltado, desiludido com as disputas políticas que impediam a  concretização do sonho bolivariano da Grã Colômbia, acabou preso por seis meses por ferir um opositor.

1826 - Abreu e Lima dá baixa do exército, e dois anos depois volta a se unir a Bolívar.  Fica junto do líder até a sua morte, por tuberculose em estágio avançado, na cidade colombiana de Santa Marta.

1831 - Expulso da Colômbia pelos novos mandatários do país, Abreu e Lima vai para a Europa e lá conhece D.Pedro I.  Se convence que a monarquia constitucional é o melhor regime para evitar o esfacelamento do Brasil. Vai morar no Rio de Janeiro. No seu jornal, O Raio de Júpiter, passa a defender as mesmas ideias de Hipólito José da Costa que combatera anos antes.

1843 - Desencantado com a corte e cansado das polêmicas em que se  envolveu, volta para Recife, onde funda o jornal A Barca de São Pedro.

1848 - Envolvido na revolta Praieira, é preso por dois anos na ilha de Fernando de Noronha.
Anistiado, continuou polemizando. Por defender a liberdade religiosa, foi atacado pelo clero pernambucano

1869 - Abreu e Lima morre, no dia 8 de março. O bispo de Olinda proibiu que seu corpo fosse enterrado num  campo santo brasileiro. O enterro foi feito no Cemitério dos Ingleses do Recife, debaixo de uma cruz celta.
Mas o general não perdeu sua última batalha:  a repercussão do caso foi tão grande que dois anos depois a administração dos cemitérios públicos foi retirada da igreja.


Dados retirados de um artigo do jornalista e escritor Paulo Santos de Oliveira na Revista da Biblioteca Nacional


2 comentários:

Unknown disse...

Raio de Júpiter como nome de jornal...rsrsrs. O cara era, mesmo, muito diferente. A história dele só podia ser essa loucura. Parabéns e thanks primo! Aprendo, muito, contigo. Bj na minha querida prima Lalá

Clovis Heberle disse...

Valeu, priminha. Beijos